sábado, 6 de julho de 2013

Ministério da Rede

Por Míriam Santini de Abreu

O colunista que fica à esquerda da página 2 do Diário Catarinense, na edição do dia 4 de julho, mais uma vez desfia sua ladainha contra as manifestações e sugere que o governo crie um Ministério da Rede para “um novo grau de governabilidade”, porque “as redes sociais precisam de novos instrumentos de interação democrática para que a voz das ruas continue de plantão”. Já o colunista que fica à direita da página 2, que também ocupa toda a 3, mais uma vez menciona os moradores de rua que ficam no Terminal Cidade de Florianópolis, que “reservam” o lugar para si e provocam mau cheiro.

As duas notas, ligadas, podem dar ao Grupo RBS mais uma excelente oportunidade para suas campanhas sociais. Por que não adotar os moradores de rua de Florianópolis,  agora que a prefeitura autoriza empresas a adotarem praças públicas? Por que não dar-lhes banho, comida, emprego, transformá-los em cidadãos de bem e, se não der certo, usar uma alternativa para tão indesejada presença é convidá-los a um banho, desta vez eterno, na Baía Sul? Se a solução não pegar bem, o Grupo pode usar então a sugestão do Ministério da Rede, bem parecido com o Ministério da Verdade, criado por George Orwell no livro “ 1984” .

O Ministério,  responsável pela falsificação da história, tinha o braço chamado de Polícia das Ideias, que patrulhava o pensamento. Orwell, quando estava em Londres, quase beirou a mendicância. Ele tinha aversão a regimes totalitários, não importava quais fossem. Odiaria o totalitarismo da grande mídia. Quando beirou a mendicância, deviam ter jogado o homem no Tâmisa. Assim não teria escrito “1984”.

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