quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pobres & Nojentas deu Apoio Cultural a três livros em 2013



Em março de 2013 três livros foram lançados com o Apoio Cultural da Revista Pobres & Nojentas. Começou com “Seu Antonio – Antônio Joel de Paula – a História de um Líder”, organizado e editado por Sandra Ribes e com editoração e foto de capa feitas por Marcela Cornelli, da P&N. Depois foi a vez do “Contos da Seve – Histórias de Severiana Rossi Correa”, organizado por Eduardo Schmitz, que também fez o projeto gráfico e a editoração eletrônica. A P&N lançou o livro em Florianópolis no dia 20 de março. O terceiro foi “Sonhos interrompidos: a luta de uma adolescente contra a anorexia”, de Carla Marcondes Ferreira de Souza e Mariana Marcondes Ferreira de Souza, com edição de Marcela Cornelli e Rosangela Bion de Assis e capa e projeto gráfico de Sandra Werle, da Letra Editorial, e Rosangela Bion de Assis.

Veja fotos de cada lançamento no Facebook da revista, "Pobres E Nojentas"

Veja o vídeo sobre o livro “Contos da Seve – Histórias de Severiana Rossi Correa” em



segunda-feira, 15 de abril de 2013

Um dia qualquer

Elaine Tavares
 
É de manhã, cedinho. O caminhão do lixo nem passou, trazendo com ele o barulho inconfundível e o grito dos trabalhadores que anunciam a coleta. As corujas ainda voejam por sobre o muro, abrindo as asas no rumo de um mais além, para longe das gentes que principiam em amanhecer. O sol de outono abraçando o mundo torna as cores mais vivas. O verde das árvores é pura esmeralda, e as penas dos canarinhos que ainda cantam, alucinados, no muro lateral, brilham como ouro. Os gatos estão deitados na mesa do alpendre, com preguiça de caçar. As laranjas-lima pesam no pé e são pura gratuidade, esperando a mão da colheita. O cheiro do mar assoma, queimando as narinas. É como se fosse uma manhã no paraíso.
 
Na rua de areia já estão os cachorros, as galinhas e os meninos. A impressão é de que eles não dormem. Basta que a barra do dia se anuncie e já dá para ouvir a gritaria dos pequenos tentando empinar uma pipa, jogando taco ou na malícia do futebol. É gostoso pensar que esses bacorinhos estão vivendo a vida assim, à larga, numa espécie de excesso de natureza. Pelos menos os da minha rua jamais são vistos grudados em videogames ou na internet. Estão ávidos demais por vento e sol. Correm pelas poças de água, com os pés descalços, ostentando os corpinhos fortalecidos com todos os anticorpos possíveis. Nem no inverno mais gelado os vejo de nariz vermelho. Parece que são de ferro.
 
Mesmo no outono, quando o vento sul já se insinua, eles entram pelo portão do vizinho que tem uma pequena piscina em casa. Quem vai à frente é o menorzinho, para amolecer o coração.
- Moço, pode¿ diz, com o olhar comprido para a alegria aquática.
- Só de tarde – diz o homem, já acostumado com o repetido ritual.
- Que horas¿
-Três horas.
 
Pois quando chega o momento, são pontuais. O pequeno circula pela vizinhança, chamando os comparsas. “São três horas, o moço deixou”... Então, eles chegam, aos borbotões, com os trajes de banho e as boias. São quase todos os curumins da rua. Pulam na piscina e dali não saem até que a noite chegue. Seus gritos ecoam pela rua afora, numa algaravia de felicidade que contamina qualquer um. Sem outros brinquedos além dos pneus, eles arrancam os maracujás e os fazem de bola. Entre uma entrada e outra na água vão se apropriando das acerolas, ameixas, jabuticabas e limas que abundam no quintal.
 
Quando o sol se põe, num vermelhão só, lá para as bandas do oeste, eles vão saindo, um a um. Desembestam pelo portão afora sem nem dizer obrigada. Sabem que o jardim é deles e que no dia seguinte voltarão para nova festa. Ainda molhados e sem a menor vontade de entrar em suas casas, arriscam um último jogo de frescobol. Invadem outro quintal. “Moça, empresta as raquetes”... Não têm nada de seu, mas ao mesmo tempo tudo possuem. Vivem em comunidade.
 
Só quando a noite vai longe é que a rua se aquieta. A gurizada entra, os vizinhos vão fechando os portões, a dama da noite começa a exalar seu perfume, as corujas voltam ao muro, os gatos se encaixam nas casinhas, os cachorros se aprontam para dormir. Assim, passa-se mais um dia no Campeche, no sul do sul do mundo, num outono de tirar o fôlego. E, mateando no alpendre, parece que vida fica cheia de sentido quando as crianças ainda brincam na rua e invadem quintais que nem são seus, sem que ninguém se incomode ou puxe uma espingarda de calibre 12. Os filhos da rua são os filhos de cada um e sempre há alguém a espiar pelo seu bem estar. É nessa hora que a gente suspira e pensa no quanto é bom viver.

Café AntiColonial em homenagem aos trabalhadoresno dia 3 de maio

A Cooperativa de Produção em Comunicação e Cultura (CpCC), através do Portal Desacato, e o Sindes realizam no dia 3 de maio (sexta-feira) o 3º Café AntiColonial. O evento será dedicado aos trabalhadores de Florianópolis e Região e acontecerá das 17h30min às 21h30min, no Palácio Cruz e Souza, no Centro de Florianópolis.
O Café AntiColonial é um evento de caráter cultural que reúne distintas formas de expressão (música, teatro, contos, fotografia, filmes e vídeos, sebo, etc.) além do que é costumeiro num Café "Colonial" (café, bolos, sucos, bolachas, salgados, etc.). As suas primeiras versões aconteceram em 10 de dezembro de 2011 na Udesc e em 30 de agosto de 2012 na Lagoa da Conceição, tendo muito sucesso ambas, sendo filmadas e transmitidas com cobertura jornalística completa via web pelo Portal Desacato (www.desacato.info).
Para sua terceira versão a proposta é homenagear aos trabalhadores de Florianópolis e Região, convidando trabalhadores, dirigentes do campo popular e, representantes protagonistas da sociedade trabalhadora, social, política e cultural nos diversos âmbitos da cidade. O Dia dos Trabalhadores, tem sido destratado nos últimos anos em Florianópolis, o que afeta, sem dúvida, a autoestima da classe trabalhadora e a desentende de sua própria história de lutas, antigas e recentes.
O Café AntiColonial em homenagem aos trabalhadores, será transmitido jornalisticamente via web, Ao Vivo, e com o devido suporte nas nossas redes sociais e narrações ao vivo em twitter e facebook. Também será realizado um vídeo de 15 a 20 minutos de duração resgatando este momento sociocultural, do qual será entregue uma cópia a cada entidade colaboradora.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

IX Jornadas Bolivarianas discutem os megaeventos esportivos

Por Elaine Tavares - jornalista

01.04.2013 - As Jornadas Bolivarianas de 2013 terão como tema os megaeventos esportivos, vistos nos seus variados aspectos: econômico, político, de mobilização popular, cultural, saúde, organização urbana. A proposta deste seminário internacional, que acontece na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) há nove edições,   é de fazer um debate crítico, saindo do lugar comum que se vê na mídia comercial, de ufanismos e maravilhas. Eventos desta natureza, muito mais do que propiciar lazer e divertimento tornaram-se espaços de acumulação do capital. Com eles, muito poucos têm grandes lucros e a maioria das populações dos lugares onde acontecem acabam tendo apenas ganhos periféricos, quando não vivem processos violentos de remoção.  
Para compreender de forma crítica este atualíssimo modo de acumulação capitalista, o Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA/UFSC) traz a Florianópolis, de 9 a 12 de abril, renomados estudiosos e líderes populares de vários países. A abertura, no dia 9 de abril, contará com a presença do equatoriano Jaime Breilh, da Universidad Andina Simón Bolívar. Jaime é médico e um dos fundadores do movimento latino-americano da nova saúde pública, sendo o foco do seu trabalho a discussão da saúde esportiva como negócio e prática destrutiva. Segundo ele, a lógica dos megaeventos desfaz de maneira cabal a ideia do esporte como sinônimo de saúde. 
Outra presença significativa é a do cubano Antonio Becali Garrido, reitor da Universidad de Ciencias de la Cultura Física y el Deporte, que trará para o debate a concepção cubana de esporte e sua posição diante dos megaeventos. Participa também o professor  Fernando Mascarenhas,  da Universidade de Brasília, com larga trajetória na discussão do esporte brasileiro, tendo sido membro do Conselho Nacional do Esporte e presidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte.
Raumar Rodrigues Gimenez, professor da Universidad Nacional de Uruguai, traz a reflexão do esporte como espaço de cultura e analisa os efeitos dos megaeventos nesta perspectiva. Marcelo Weishaupt Proni, professor da Unicamp, atua na área da economia do esporte, tendo forte atuação na crítica do futebol-empresa e dos impactos que megaeventos esportivos geram nas economias locais. Nilso Ouriques, professor da Unoesc, que recentemente lançou um retrato do esporte catarinense com o livro "A miséria do esporte", faz a discussão da acumulação do capital gerada por  megaeventos esportivos. 
No campo da mídia, as jornadas contarão com a presença de dois jornalistas de visão crítica. Um deles é o brasileiro Juca Kfouri, da ESPN, conhecido por sua seriedade, coragem e profissionalismo. Um ícone do pensamento crítico no mundo esportivo. O outro é o jornalista mexicano Maurício Mejía, também bastante conhecido no México por sua visão diferenciada no debate esportivo, saindo do senso comum, típico da mídia comercial.
Outro estudioso que fará sua conferência nas Jornadas  é o sul-africano Eddie Cottle, que lançou há pouco tempo um denso trabalho sobre  a Copa do Mundo realizada no seu país. Olhando o evento desde o campo popular e na perspectiva dos trabalhadores, Eddie poderá mostrar como a África do Sul foi afetada e quais os impactos deixados na população.
Já o representante do debate popular no Brasil será Renato Cosentino Vianna Guimarães , do Comitê Popular Rio Copa Olimpíadas, entidade que vem travando batalhas importantes pelo direito ao esporte e à vida, principalmente no que diz respeito aos despejos e à privatização do Maracanã. Paulo Ricardo do Canto Capela, presidente do Iela e professor do Centro de Esportes da UFSC, encerra o evento, discutindo a necessidade de o esporte sair da órbita do negócio e se encarnar no mundo da vida.
As atividades das Jornadas Bolivarianas – 9ª. edição -  começam numa terça-feira, 9 de abril de 2013, a partir das 18h30min. Veja a programação completa:

IX Jornadas Bolivarianas
MEGAEVENTOS ESPORTIVOS - SEUS IMPACTOS, CONSEQUÊNCIAS E LEGADOS PARA O CONTINENTE LATINO-AMERICANO

9 de abril de 2013
- Noite – Auditório  da Reitoria – UFSC
18h30 – Abertura oficial das IX Jornadas Bolivarianas
19h – Conferência de abertura: Os Megaeventos Esportivos: Impactos, Consequências e Legados para o Continente Latino-Americano
Conferencista: Jaime Breilh/ Equador - Doutor e Diretor da Área de Saúde da Universidad Andina Simón Bolivar. Coordenador do Global Health para a América

10 de abril de 2013
- Manhã – Auditório da Reitoria - UFSC
9h – Conferência:  O Estado, os Movimentos Sociais, as Políticas Públicas de Esporte e Lazer e os Direitos Sociais frente aos Megaeventos Esportivos
Antonio Becali Garrido, Reitor da Universidad de Ciencias de la Cultura Física y el Deporte - Cuba
Fernando Mascarenhas UNB, Brasília, Brasil

- Tarde – UFSC e Hall da Reitoria
14h30 – 18h – Apresentação de Trabalhos
 - Noite - Auditório da Reitoria
18h30 - Conferência: A Mídia, o Jornalismo Esportivo e a Cobertura dos Megaeventos Esportivos
Juca Kfouri - São Paulo
Maurício Mejía - México

11 de abril de 2013
- Manhã – Auditório da Reitoria
9h – Conferência: Acumulação do capital e megaeventos esportivos
Nilso Ouriques - Unoesc/ Brasil
Marcelo Proni – Unicamp/Brasil
Nildo Ouriques - UFSC - Brasil

- Tarde – UFSC e Hall da Reitoria
14h30 – 18h – Apresentação de Trabalhos

- Noite – Auditório da Reitoria
19h – Conferência: Tema: Cidades, Participação Popular, Economia e os legados dos megaeventos esportivos
Eddie Cottle - África do Sul - Autor do livro “South África`s Wold Cup: A Legacy For Whom?” (Copa do Mundo da África do Sul: um legado para quem?)
Raumar Rodrigues Gimenez – Universidade Republica do Uruguai
 12 de abril de 2013
- Manhã – Auditório da Reitoria
9h - Conferência: O impacto dos megaeventos nas comunidades
Renato Cosentino Vianna Guimarães - Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas
Paulo Ricardo do Canto Capela - UFSC/Brasil

Informações:
www.iela.ufsc.br
iela@iela.ufsc.br
48. 37216483 – 3721-4938 - 99078877
www.jornadasbolivarianas.blogspot.com