quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Caos no Ticen em Florianópolis

Elaine Tavares

A vida do trabalhador é uma desgraceira. Não bastasse ser explorado pelos patrões dia, noite e até quando pensa descansar vendo televisão, ainda tem de pagar por todas as merdas que os que governam fazem. É o que acontece hoje na capital dos catarinenses. O fim de tarde foi de completo terror no terminal do centro. Por conta dos ataques que o crime organizado vem realizando desde há dias, os trabalhadores do transporte coletivo decidiram encerrar as atividades às oito horas da noite. Quem sai do trabalho as seis já vem para o terminal na maior correia. As filas que se formam são imensas e os empresários, com medo que queimem os ônibus novos, colocam só as carroças para rodar.

Seis e cinco e a confusão era geral no terminal. Ninguém mais sabia onde começavam e onde terminavam as filas. Rostos tensos, coração aos saltos. Poucas horas antes um ônibus tinha sido incendiado no Saco dos Limões, diziam os fiscais. E nada de horários especiais. Os ônibus estavam saindo nos horários normais como se tudo estivesse em ordem. 

A confusão cresceu quando por volta das seis e meia os próprios fiscais começaram a gritar, dizendo para as pessoas entrarem nos ônibus porque aquele poderia ser o ùltimo. “O sindicato vai fechar o terminal do Rio Tavares”, diziam, e as pessoas, apavoradas, com medo de ficar no centro, corriam para dentro do ônibus, se empurrando e se acotovelando. Os carros saiam com gente saltando pelo ladrão. 

Eu estava na fila esperando chegar na ponta, para ir sentada, e já tinham passado seis ônibus. Os caras sempre com a mesma conversa de que era o último. Eu  fique doida com aquele papo de que era o sindicato que estava fechando o terminal, porque já tinha gente na fila xingando os trabalhadores. Comecei a gritar com os fiscais, dizendo que aquilo que eles estavam fazendo era criminoso. Em vez de agilizar a coisa e acalmar a população, eles estava tocando o terror e ainda colocando a culpa no sindicato. Porra, a culpa é do governador do estado que parece que não estar nem aí para o que acontece. “Ah é.. então tu quer morrer queimada”, retrucou o fiscal, continuando com a algaravia de que era o último ônibus. Eu continuei gritando que se a gente estava vivendo aquele horror era por culpa do governo que promovia a violência nos presídios e agora deixava o povo a ver navios. Nada, olhares de ódio. 

Quando finalmente entrei no ônibus, alucinada com tudo aquilo, ainda tive de vir escutando aqueles comentários grotescos de exigência de mais violência contra a violência. De matar.  A chuva caindo, o ônibus lotado, as pessoas em confusão. Tudo porque o fiscal anunciara que o terminal do Rio Tavares fecharia às sete e meia.  

Como quem tem carro foi trabalhar com ele, o trânsito estava um caos, agravado pela chuva. Demoramos mais de uma hora para chegar ao Rio Tavares. Lá, a balbúrdia estava formada porque os ônibus, de fato, já tinham parado. Única saída era seguir “na bota”, andando. Para quem mora mais perto a coisa não é tão ruim, mas e o povo da Caiera, do Ribeirão, da Tapera¿ Absurdo total. A cidade de Florianópolis está há dias refém do crime organizado. A polícia está tonta. O governador diz que na quarta-feira vai chegar reforço federal. Reforço do quê¿ Ninguém sabe.

As pessoas, andando pela estrada afora, cabeças baixas, corpo curvado, levarão horas para chegar à casa. Molhadas, cansadas, humilhadas. Amanhã, levantarão cedo e irão para o trabalho. Santa desgraça, Batman... Por que será que a gente não se revolta contra quem realmente merece¿¿¿¿¿

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