sexta-feira, 17 de junho de 2011

Professores estaduais seguem em greve

Elaine Tavares

Poucas coisas nos emocionam no dia-a-dia, tudo é tão corrido e há uma vida para vencer a cada 24h. Mas, às vezes, uma criança sorrindo, um pôr-do-sol, um velhinho arrastando os chinelos me trazem lágrimas aos olhos. Ontem me emocionei com os professores em greve. Fui à assembléia que decidiria se a greve seguia ou não, depois da ameaça de corte de ponto do governador Raimundo Colombo. Ali estavam, centenas destes seres que resistem na educação. Que conseguem tirar leite de pedra, que têm amor pela profissão e que enfrentam a loucura de uma vida com salários indignos.

Falei com dezenas de professores substitutos, os famosos ACTs, que precisam se virar nos trinta, nos quarenta, nos cinqüenta. Que correm de um lado para outro, dando aula em dois colégios, geralmente um em cada extremo da cidade, precisando comer dentro do ônibus que, por sua vez, demorar horas para fazer os trajetos que seriam feitos em minutos. Uma vida dura demais.

E o governador de Santa Catarina obriga os professores a irem para a greve para que se cumpra a lei. Que porcaria de estado de direito é esse que a burguesia tanto preza? Por que a justiça não obriga o governador a cumprir a lei e pagar o piso? Pois o espertinho quer incorporar velhos ganhos no piso, fazendo com que os professores sigam sem aumento real no salário. Já é bem ruim ganhar apenas 1.800 reais para viver a cotidianidade de um sistema educacional que não liberta, que oprime e forma pessoas conformadas.

Os professores querem ganhar bem para ter um emprego só, para preparar melhor suas aulas, para comprar livros, ir no cinema, no teatro, vivenciar realidades que possam ser incorporadas à educação. Os professores querem o direito de viver com dignidade para poder pensar e criar.

Mas, da forma como a educação é conduzida nesse estado e nesse país, professor só serve mesmo para reproduzir o estado das coisas. Mal remunerado precisa cuidar da sobrevivência, não tendo condições de promover práticas libertadoras.

Ontem, em Florianópolis, os professores decidiram dizer não à proposta de Colombo. Querem vida digna ou nada. As pessoas deveriam assistir a uma assembléia de professores, conhecer suas realidades, olhar nos olhos. Saberiam que não é fácil, mas que tem muita gente boa querendo um mundo melhor! Para todos e não só para alguns...

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