segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Hospital Florianópolis pede socorro

Há quatro dias de completar um ano do início das reformas do Hospital Florianópolis, servidores e comunidade participaram no dia 7 de dezembro de uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado para debater o futuro do HF. A audiência foi solicitada pelo Sindprevs/SC e pelo SindSaúde à deputada Ana Paula Lima (PT). Além dos servidores federais e estaduais que trabalham no HF e da comunidade, estiveram presentes dirigentes sindicais do Sindprevs/SC e do SindSáude, representantes da AHFLOR (Associação dos Amigos do Hospital Florianópolis), da Ufeco (União Florianapolitana de Entidades Comunitárias), o vereador de Florianópolis Dr. Ricardo (PCdoB) e representante do Conselho Regional de Enfermagem. A Secretaria Estadual de Saúde, ao contrário do que aconteceu na audiência na Câmara de Vereadores, participou da audiência. Compuseram a mesa a deputada Ana Paula Lima; representando a Secretaria Estadual de Saúde, o Superintendente de Hospitais Públicos Estaduais, Libório Soncini; representando a Prefeitura de Florianópolis, o gerente de Atendimento de Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde, André Motta; a promotora do MPSC, Sonia Maria Demeda Groisman Piardi; representando o Sindprevs/SC o coordenador Geral do Sindicato, Valmir Braz de Souza, e representando o SindSaúde, a presidente da entidade Edileuza Fortuna.

No dia 11 de dezembro de 2009 o Hospital Florianópolis fechou as portas da emergência para a reforma do setor. O que seria no início apenas a reforma da emergência passou depois também a ser a reforma da cozinha, culminando na reforma do segundo e do terceiro pisos. Os funcionários foram realocados, através de uma portaria, para outras unidades hospitalares, de maneira desorganizada, causando mais apreensão do que eles já estavam vivendo devido à falta de informações. O objetivo da audiência pública foi debater sobre o futuro do único Hospital Federal do Estado, além do Hospital Universitário da UFSC.

A deputada Ana Paula Lima abriu a sessão fazendo inúmeros questionamentos ao representante da SES sobre a reabertura do Hospital, se o HF continuará 100% SUS, sobre a situação dos servidores, entre outros.

A Procuradora do MPSC Sônia Piardi disse que “o estado precisa se comprometer com a palavra” e defendeu a reabertura urgente do HF. Ela concordou com a preocupação dos servidores em não saberem o futuro do HF, se o Hospital passará a ser gerenciado pelo município, como ficará a situação do HF, entre outras. Ela ainda comentou que, se não fossem as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), instaladas na rede municipal, a situação estaria um caos com o fechamento da emergência do HF, sendo que a emergência do Hospital Celso Ramos na Capital, um dos maiores do Estado, também foi fechada para reformas.

A representante do SindSaúde disse que o Sindicato nunca foi contra a reforma, mas que não concordava com o processo como está sendo encaminhado e com o desrespeito aos servidores. Ela lembrou que o Hospital atende a população de comunidades empobrecidas como as da Vila Aparecida e do Monte Cristo. Ela lembrou ainda que o caos na saúde atinge outros Hospitais como o Celso Ramos que está com a emergência fechada e o Hospital Infantil que possui mais de 60 leitos fechados.

O coordenador do Sindprevs/SC, Valmir Braz de Souza, disse que os servidores do HF foram abandonados e esquecidos. Valmir alertou que os servidores estão adoecendo em função do descaso da SES e da administração do Hospital e que o Sindicato, depois de muitas tentativas de negociações com a SES, orientou aos servidores que estavam no Celso Ramos a retornarem ao HF, devido aos problemas pelos quais esses servidores estavam passando.

Valmir falou ainda sobre a insegurança dos servidores do HF em relação a sua vida funcional, diante da incerteza do término da reforma e se o Hospital passará para o município ou para uma OS (Organização Social), que é uma forma de privatização mascarada. Ele lembrou da luta para manter o Hospital 100% público que vem sendo travada pelos servidores e que o Hospital já teve o setor de nutrição e o laboratório privatizados. “Já vimos isso acontecer antes. O governo privatiza setores do hospital, reforma, deixa tudo bonitinho e depois entrega para uma OS, que representa os interesses do capital”, enfatizou o dirigente sindical. “Hoje pela manhã ouvi pela rádio que o novo governador eleito Raimundo Colombo vai entregar 20 unidades às OSs. Como podemos saber se o HF não está nessa lista?”, complementou.

Os representantes da Associação Amigos do Hospital Florianópolis expuseram que, convocados pela administração do Hospital para ajudar com os custos da reforma, pagaram um projeto para a construção de um anexo, construção essa que até o momento não foi iniciada.

Os servidores estaduais e federais presentes se pronunciaram na tribuna e levantaram os problemas enfrentados desde o início da reforma com o assédio das chefias nas unidades para as quais foram deslocados e abandonados pela administração do Hospital, expuseram as dúvidas quanto à reabertura do hospital 100% público e falaram sobre o descaso com a população que está sem atendimento, entre outros problemas.

Depois do debate, a SES se pronunciou dizendo que se comprometia com a reabertura do Hospital em 30 de abril de 2011, que o Hospital irá reabrir 100% público e garantiu o retorno dos servidores que foram realocados em hospitais para o HF. A SES também informou que o Hospital passará a ter uma maternidade após a reforma.

Por fim, foi formada uma comissão composta por integrantes da Comissão de Saúde da Alesc, do Ministério Público, da Associação de Amigos do Hospital Florianópolis, do Sindprevs/SC, do SindSaúde, da Câmara Municipal de Vereadores e da Vigilância Sanitária, para vistoriar as obras no Hospital no dia 9 de dezembro. Outro encaminhamento foi levar a discussão para os Conselhos Estadual e Municipal de Saúde para debater o futuro do Hospital.

A vistoria do HF foi realizada no dia 9 conforme determinado na audiência. Irregularidades e o atraso na sobras puderem ser comprovados. A comissão de Saúde da Alesc irá elaborar um documento contendo tudo o que foi apurado na visita ao Hospital e encaminhará o documento às autoridades competentes solicitando providências. Fonte: Sindprevs-SC

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