sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Quito, a metade do mundo

Elaine Tavares
É noite quando o avião começa sua descida na cidade de Quito, Equador. Da janela o viajante já pode notar o desenho de um lugar que a primeira vista parecer ser de sonho. As luzes aparecem em suas formas geométricas e formam figuras míticas. O aeroporto fica no meio de tudo e a impressão que se tem è de que o avião vai se arrastar por entre as casas. Mas é de manha que vem a surpresa maior e as retinas brasileiras parecem não dar conta do que vêem. A cidade é cercada por vulcões e, de qualquer lugar onde se esteja ali estão eles a vigiar.
Pelas ruas a vida é puro fermento. Os professores estão em greve e fazem cortes de rua, os famosos “paros”. Querem mudanças na lei de educação superior que está em discussão no paìs. Também estão em movimento os indígenas, trabalhando igualmente para manter suas vontades na nova lei de águas. Ao todo são 14 novas leis apresentadas pelo executivo e a população vive as voltas com os debates e discussões. A nova Constituição assim o exige, tudo està para ser regulamentado. As coisas estão mudando no Equador e isso se pode sentir nas ruas. Hà um frisson e todos sabem o que està passando.
È certo que este não è um processo fácil. Não houve nenhuma revolução. As coisas precisam ser feitas sob a pressão de uma oposição dura. Então, tal e qual a Venezuela no inicio do século XXI, o Equador vive a luta de classes no seu cotidiano, e de maneira bastante acirrada. Entre um corte de ruas aqui e outro ali, a grande cidade de Quito e os demais recantos do Equador vão construindo seu presente com os olhos postos no futuro.
Em Quito também vigiam as mudanças os espìritos de Manuela Saenz, a grande mulher equatoriana, libertadora do libertador. E também Sucre, o mariscal apaixonado, artífice da libertação. Pelas ruas de pedra do centro histórico pode-se sentir que os desejos de liberdade que um dia afloraram nas guerras de independência, e ainda antes, nas revoltas indígenas, segue aprisionado. Há muito por fazer, mas os equatorianos estão caminhando. Vulcânicos, apaixonados e seguros de que só a vontade do povo unido pode mudar as coisas. Eu caminho por entre eles e aprendo!

Um comentário:

Rubens Lopes disse...

Que bom é caminhar junto a ti, pois ali sob teus pés a terra sente a ternura do toque... e até os vulcões se sentem mais aquecidos!

Besitos!