terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os pobres e a gripe A

Elaine Tavares
Pois outro dia eu estava mui fagueira assistindo televisão, quando vi uma matéria feita lá no Colégio Catarinense, com um professor cujo nome não lembro. Ele, muito sério, dava algumas dicas sobre como prevenir a mal fadada gripe A. primeiro fiquei um pouco estressada com essa de chamar a gripe suína de gripe A. Porque, afinal, é uma maneira de esterilizar um pouco as razões de mais esta pandemia. Tirando o “suína” do nome, as pessoas não mais precisam associar a doença ao modo de produção dos pobres bichos, confinados e torturados.
Depois, então, ouvi esta pérola: “as pessoas devem evitar usar o ônibus”. Fiquei pensando no meu buzão, o que pego todo dia para ir para casa, uma vez que moro a uns 30 quilômetros do lugar onde trabalho. Nele, seja a hora que for, a lotação sempre ultrapassa. As pessoas praticamente se matam para entrar no buzú, não importa que não haja mais lugares, e ali ficam espremidas umas contra as outras. Caso alguém esteja com a tal da gripe, babaus.
Então fiquei a pensar no conselho do professor. “não devemos usar o ônibus”. Bem, ele dá aula num dos mais tradicionais colégios da cidade. Seus alunos devem ser de classe alta ou média alta. Poucos devem usar o ônibus. Nada sabe ele da vida das gentes, cuja liberdade de ir e vir está condicionada ao trajeto do ônibus. E que precisam balançar feito sardinhas todos os dias nos latões.
Aos empobrecidos tudo está negado. Eles são obrigados a andar nos ônibus lotados, e se pegam a gripe tampouco tem um hospital de qualidade onde amparar a dor. A vida real é coisa dura. A das gentes e a dos porcos. E assim segue a humanidade...

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