domingo, 17 de maio de 2009

O senhor Buda

Fernando Karl
o senhor Buda não reverencia nenhum Deus
nem crê na alma
nem no paraíso
o senhor Buda tinha sempre a palavra "sunyata" ("vazio", em japonês) na ponta da língua: "sunyata", ao contrário do oco da morte, não dá medo, antes é uma estratégia oriental pra lá de magnífica: tornar-se "sunyata" ou "vazio", por exemplo, para não ser atingido pelo sabre da finitude, pela corrupta vox dos políticos, pela gripe suína etc.
o que há de oco numa xícara é "sunyata", e isto é belo como o Taj Mahal.
"sunyata" --- com a tessitura de átomos levíssimos --- dá aparência de ser "vazio", mas é pleno de invisível, de angélico prana.
outro dia li que o prana não é o ar nem o oxigênio, mas matéria fina de toda certeza. prana: sopro vital, alento.
a palavra também é matéria fina de toda certeza e sua origem é a mesma que a do fogo.
e Shakespeare disse: "Se a palavra é sopro e sopro é vida".
e já pronunciou Kant: "Devemos aprender a sermos invisíveis com mais humildade".

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