segunda-feira, 12 de maio de 2008

P&N na América Latina 5












As ruínas Incas em Pisaq e as ruas de Ollantaytambo, no Vale Sagrado. Criança acena para o trem na viagem até a Vila de Macchu Picchu.

Destino: Macchu Picchu no Peru
Cuzco - Vale Sagrado – Vila de Macchu Picchu
Por Marcela Cornelli
Jornalista da P&N

Partimos de Cuzco no dia 20 de janeiro pela manhã rumo a Mapi, ou Águas Calientes, uma vila no meio da montanha, base para a subida a Macchu Picchu. Seria mais um dia de viagem até subirmos a montanha. Deixamos as mochilas aos cuidados da agência de viagem (no chão, ao lado do banheiro) na qual compramos um pacote com o transporte e as entradas para Macchu Picchu. Só levamos uma muda de roupa, água, capa de chuva, alguns casacos, nossos documentos e dinheiro. Para chegarmos à Vila de Macchu Picchu fizemos parte do caminho de ônibus até Ollantaytambo, onde pegamos o trem que corta as montanhas, margeando o Rio Vilcanota (Wilcamayu - Rio Sagrado), também chamado de Rio Urubamba. Para chegar a Vila de Macchu Picchu, ou Águas Calientes (prefiro chamar de Vila de Macchu Picchu – os nativos também), só de trem ou pela famosa trilha Inca – para fazer a trilha Inca leva-se uns quatro dias de caminhada partindo de Cuzco e também é necessário fazer reserva com antecedência nas agências de turismo.
Antes de chegar a Ollantaytambo, que também faz parte do Vale Sagrado dos Incas, passamos por Pisaq, um povoado que guarda muitas tradições e onde também há ruinas Incas. Em Pisaq há um grande mercado de artesanato e comidas típicas que vale a pena ser visitado. As ruínas ficam no alto da montanha, são menores que Macchu Picchu, mas também possuem toda magia do Vale Sagrado. De Pisaq fomos para Ollantaytambo, também uma pequena cidade, uma vila. Andando pelas ruas de Ollantaytambo, rumo à estação para pegar o trem até a Vila de Macchu Picchu, você pensa ter passado por um portal do tempo. A cidade mantém muitas características da cultura incaica e é cercada de montanhas e ruinas Incas.
Na estação de Ollantaytambo pegamos o trem para Àguas Calientes, onde passamos a noite, para logo cedo subirmos a Macchu Picchu. Pegamos o trem na classe turística. Durante a viagem é possível ver as exuberantes paisagens do Vale Sagrado, as montanhas andinas, a mata nativa, tudo isso beirando o rio Urubamba. O trem corta as montanhas por entre túneis. Nas margens crianças acenam. Dentro tomamos um lanche com muito mate de coca, pão com queijo e um delicioso doce que lembra o cheese cake das padarias de Floripa. Chegamos à Vila de Macchu Picchu no final da tarde, porém a Vila é muito lúgrubre, úmida e escura, talvez por ser janeiro, a época das chuvas na região, e já parecia noite.
O barulho da cachoeira que corta a Vila perdura noite adentro. Dormimos num hotel que nem vou recomendar, apesar de ser barato, pois era muito úmido, cheirando a mofo, chovia e fazia frio e a resistência do chuveiro caía o tempo todo, etc, etc ... Por isso, ficamos até tarde da noite caminhando pelas ruelas, cheias de restaurantes, lojas de artesanatos, bares, mercadinhos e toda estrutura para receber os turistas. A praça da cidade é muito aconchegante mesmo à noite e estava cheia de turistas e crianças nativas brincando. Achamos estranho tantas crianças na rua à noite, e, seguindo uma delas até um prédio da administração da Vila, descobrimos que os pais estavam participando de uma importante reunião, que, é claro, nós, turistas, não podíamos ter acesso. Muito curiosa, eu queria entrar, mas eles estavam discutindo problemas da localidade e me senti invadindo um pouco a vida da comunidade, então preferi ficar na praça conversando com as crianças, que nos explicaram que estas reuniões são comuns na “municipalidad”.
Antes de retornar ao hotel fomos jantar. Há muita opções, para todos os bolsos e todos os gostos. Prefirmos seguir o “menu” do dia, como eles falavam: sopa de cogumelos (mas não eram alucinógenos), salada de frutas, na entrada, suco de mamão e truta com batatas e um molho que não me lembro o nome, bem picante e gostoso. Para acompanhar, a famosa cerveja Cuzqueña. Tudo isso por uns 30 soles, 10 reais, dividido em duas pessoas. Já era quase meia noite quando voltamos ao hotel.
Dormimos para poder pegar o ônibus que sobe até Macchu Picchu bem cedo, às 5 da manhã. Choveu a noite toda e foi com muita chuva e neblina que subimos as ruas de barro até Macchu Picchu e cruzamos o portal de entrada do parque arqueológico, às 6h20min. Fomos os primeiros a entrar. O parque fecha às 17 horas, não queríamos perder um minuto sequer. Macchu Picchu é deslumbrante, maravilhosa, mística, exuberante. Vista de tão perto, nos faz questionar como algo tão grandioso foi construído à beira de um gigantesco penhasco, num lugar quase que inacessível. A cidade só abriu-se, mostrou-se para nós, ao meio-dia. Foi um dia de muitas emoções, incluindo a subida do Waynapicchu, na língua quéchua dos incas “Montanha jovem”, a 2.634 metros de altitude, uns 300 metros mais alto do que o sítio arqueológico de Machu Picchu, ou “Montanha Velha”. A visita ao sítio arqueológico de Macchu Picchu, a subida ao Waynapicchu, onde somente alguns turistas se aventuram, e a descida pela trilha Inca ficam para a próxima parte desta série, na próxima segunda, pois tanta beleza e grandiosidade não caberiam em poucas linhas e o texto já está longo, e o domingo acabando ...

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